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Saturday, May 25, 2013

Notas sobre a Teologia da Libertação.

Bruno Braga.



A Teologia da Libertação – refiro-me especificamente à sua ação dentro da Igreja Católica - carrega a marca indelével da perversão: a instrumentalização da religião. Mácula que não é apenas expressão do fingimento malicioso. Da teatralização da Fé - que não possui - para sorrateiramente corromper a religião tradicional e os seus fiéis simulando inocência e retidão. É perversa não somente porque despreza a boa-fé dos que abraçaram a mesma confissão e que no discurso proveniente desta teologia - e nos sacerdotes que a pregam – inocentemente confiaram mais do que uma “crença” – mais do que um conjunto de princípios -, confiaram as suas próprias vidas. A perversão da teologia e dos sacerdotes da revolução é ainda mais radical, porque ela manipula e avilta um elemento estruturante: a própria compreensão religiosa.

Diferentemente da “ciência”, que é o esforço para explicar em detalhes um fenômeno ou um objeto particular, a “religião” – sem desprezar o conhecimento “científico” – é uma “chave” universal. Não no sentido de explicar cada um dos fenômenos e objetos, por exemplo, com as categorias de “espaço”, “tempo” e “causalidade”, mas de fornecer um “sentido para a vida”. Por isso, a compreensão religiosa é mais que um conjunto de preceitos e princípios, é maior que uma “doutrina”. Ela marca a expectativa que o indivíduo tem (a) sobre o mundo e as coisas, (b) sobre o outro e (c) sobre si mesmo.

Nestes termos, os teólogo e sacerdotes da revolução não manipulam apenas palavras. Eles não distorcem somente uma história contada ou corrompem ensinamentos e orientações transmitidos através de gerações. A Teologia da Libertação reestrutura as bases da pessoa direcionando-as para o objetivo de seus apóstolos e pregadores: a conquista do poder. De fundamento Marxista, ela transforma (a) o mundo em palco de uma batalha cruel e implacável: da “luta de classes”. Neste conflito generalizado, (b) o “outro” passa a ser visto imediatamente com suspeita e desconfiança: ou ele é um “aliado” ou é um “inimigo”. É aliado se abraça sem restrições o projeto revolucionário; mas se contra ele apresenta qualquer objeção ou discordância, é automaticamente lançado do outro lado da trincheira como um inimigo a ser fuzilado. No âmbito da subjetividade, a Teologia da Libertação faz com que (c) o sujeito tome a si mesmo como um “injustiçado”, como um “oprimido”. Qualquer impulso ou desejo contrariado torna-se pretexto para lamentar a “condição” de “explorado” e para exclamar contra a “classe dominante” – quando não para blasfemar contra o próprio Deus. Assim, a Teologia da Libertação estimula no indivíduo sentimentos baixos – a inveja, o ressentimento e o ódio –, seduzindo-o a se tornar um “agente de transformação” – ou seja, a fazer parte da militância revolucionária. 

Apesar da perversão, a Teologia da Libertação é amplamente disseminada. Beneficia-se de um ambiente cultural fortemente influenciado pelos “mestres da suspeita”: Karl Marx – entre eles – torna-se a sua fonte teórica. Dentro desta matriz, a Teologia da Libertação é também instrumento de um projeto de poder: ela mesma é um produto forjado com o propósito de promover a revolução Socialista-Comunista [1]. Sacerdotes e religiosos ardilosamente infiltrados dentro da Igreja Católica. Universitários e “Intelectuais” que lhes dão apoio e aprovação. Uma atmosfera cultural é formada, fornecendo às pessoas um senso de orientação que promove um simulacro de “religiosidade”, porque não está submetido ao divino, mas à “revolução”.  

É pertinente observar que para Karl Marx a “religião é o ópio do povo”. Esta assertiva seria suficiente para colocar um obstáculo intransponível para a Teologia da Libertação. Marxista por definição, ela seria, como qualquer outro elemento “religioso”, “ópio” para o povo. Apesar disso, a teologia revolucionária se apresenta como a autêntica proposta do cristianismo. Para os seus proponentes e apóstolos, não importa a coerência das idéias. Porque o que interessa de fato é a conquista do poder. Se a religião pode facilitar este projeto, então ela será instrumentalizada. A Teologia da Libertação é este mecanismo criado para conduzir a “massa” – através da fraude - à revolução. Este simulacro de religiosidade – ele sim, um entorpecente.

A religião – em sua compreensão cultural - não sai ilesa deste processo de instrumentalização. Ela passa a ser vista como mero consolo espiritual. Tida como fonte de prazer e de bem-estar, os desejos e fantasias do homem passam a determiná-la. O horizonte divino é afastado para a realização dos caprichos humanos. Torna-se de fato “ópio” para os fiéis na mesma medida em que consagra os sacerdotes e agentes revolucionários. Estes, sob o pretexto da “conscientização”, corrompem e minam – de forma dissimulada - um dos principais obstáculos ao seu projeto: a religião tradicional. Porque o fiel, que antes se dobrava apenas diante da cruz [2], abraça então uma religiosidade pervertida - a Teologia da Libertação, que maquia o revolucionário e o seu projeto de poder.  

O Marxismo projeta na religião – e a Teologia da Libertação na Igreja Católica – os seus próprios intentos. É preciso, então, recorrer a uma distinção fundamental. A religião – a Igreja Católica, no caso específico - surge de um evento excepcional. Da presença de uma pessoa. De sua vida, paixão e morte. A Teologia da Libertação – e o Marxismo – nascem do crime e da falsificação [3]. São artifícios criados para favorecerem a conquista do poder. Ela promete a realização de um “Paraíso terrestre”: a “sociedade sem classes” através do Socialismo-Comunismo. Os sacerdotes e apóstolos revolucionários são os anunciadores, juízes e executores. Em um surto de autodivinização, pervertem a religião em nome de um “futuro maravilhoso”. Porém, o seu histórico de realizações efetivas é de sangue, morte e subjugação.    



Notas.

[1]. PACEPA, Ion Mihai. “A Cruzada religiosa do Kremlin”. Trad. Bruno Braga [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html].


[3]. BRAGA, Bruno. “Entre o Mestre e o ‘Intelectual’” [http://b-braga.blogspot.com.br/2011/06/entre-o-mestre-e-o-intelectual.html]; PACEPA, Ion Mihai. “A Cruzada religiosa do Kremlin” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html].

    

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