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Wednesday, March 27, 2013

Disfarce abortista.


Bruno Braga.


Uma das estratégias da propaganda abortista é denunciar – de maneira dissimulada – que o debate público sobre o tema está pautado na obscuridade da “fé”, e não nos termos da “razão”. Com esta artimanha, os abortistas se autoproclamam os portadores da “luz” e denunciam a religião – a judaico-cristã - como o tenebroso “inimigo” das mulheres. A Igreja Católica – por sua representatividade - é acusada de ser o “monstro opressor” que impede a “emancipação” do sexo feminino: ela “proíbe” a mulher de “decidir sobre o seu próprio corpo” quando censura o aborto. Um mergulho na História, porém, até o surgimento do Cristianismo, desfaz esta caricatura construída para fins panfletários e expõe a face macabra do abortismo, que é maquiada com “autonomia” e “liberdade”, com nobres princípios abstratos.        

No mundo greco-romano, o abandono de crianças indesejadas do sexo feminino – e de crianças deficientes do sexo masculino – era permitido e moralmente aceito. O infanticídio foi adotado por todas as classes sociais [1]. O mesmo acontecia com o aborto, que foi a principal causa de morte entre as mulheres nessa época [2].

“O aborto não só impedia a ocorrência de muitos nascimentos, como também levava à morte grande número de mulheres, antes que pudessem dar sua contribuição à fertilidade. O resultado dessa prática era uma incidência significativa de casos de infertilidade nas mulheres que sobreviviam aos abortos” [3].

Morte ou infertilidade. Estes, os prováveis resultados da prática do aborto, que era realizado com a aplicação de técnicas primárias: ingestão de doses pequenas de veneno; introdução de substâncias tóxicas no útero; utilização de grampos, ganchos e facas para dilacerar o feto, a criança.  

As taxas de aborto eram elevadas. Para o sociólogo Rodney Stark isto tem uma explicação. Eram os homens, e não as mulheres, que na maior parte dos casos tomavam a decisão de abortar. Nos termos da lei romana o chefe da família detinha o “poder de vida ou de morte”, e podia determinar que a sua mulher abortasse [4].

Com o Cristianismo houve uma mudança radical. Desde o seu surgimento ele proibiu categoricamente o infanticídio e o aborto. “Não assassineis uma criança por meio do aborto nem a mateis ao nascer” – ensinava o “Didaqué”, manual da Igreja Católica redigido provavelmente no século I. No século II, Atenágoras escreveu para o Imperador Marco Aurélio:

“Dizemos que as mulheres que usam drogas para provocar aborto cometem assassinato, e terão de prestar conta a Deus pelo aborto [...], [pois] consideramos o próprio feto no útero como um ser criado e, portanto, como objeto da solicitude de Deus [...] e [não] abandonamos uma criança, porque aqueles que as abandonam podem ser acusados de assassinos de crianças” [5].

Este princípio da cultura cristã protegia a criança e resguardava a gestante, a saúde e a vida da mulher, que não era exposta às assustadoras técnicas abortivas da época.

A “modernização” das “técnicas” não eliminou os riscos para a gestante. Pesquisas recentes comprovam que o aborto aumenta a mortalidade materna e compromete a saúde das mulheres [6]. Além disso, o aborto - ainda que bem sucedido – tem, por definição, um resultado criminoso: a morte – o assassinato - de um ser humano.

Nestes termos, o Cristianismo – e a Igreja Católica -, que a propaganda abortista denuncia como o impiedoso “inimigo” das mulheres, surge na História como protetor delas. E hoje, ao se opor ao aborto, reivindica o mesmo princípio inegociável de valorização da vida para preservar, não só a mulher - a gestante -, mas também a criança que ela carrega no útero. E o abortismo, que se autoproclama o portador das “luzes da razão”, mostra a face macabra que esconde do público. Proclamando princípios abstratos, ele coloca em risco a saúde e a vida da mulher, da qual afirma ser o único e autêntico defensor. Em nome da “autonomia” e da “liberdade” ele reivindica o “direito” de dilacerar fetos, que em sua maioria são, eles mesmos, mulheres.  


Notas.

[1]. FOX 1987, GORMAN 1982, POMEROY 1975, RUSSELL 1958 – apud STARK 2006, p. 112.

[2]. Idem, p. 113.

[3]. Idem, p. 135.

[4]. Idem, p. 137.

[5]. Idem, p. 141.

[6]. BRAGA, Bruno. “Advertência para o Conselho de Medicina Abortista: aborto aumenta a mortalidade materna e danifica a saúde das mulheres” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/03/advertencia-para-o-conselho-de-medicina.html].

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