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Thursday, May 17, 2012

Ao trabalho: construir uma Verdade.


Bruno Braga.

Ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio, ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu. Mas nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la em sua plenitude, sem ocultamento, sem camuflagem, vetos, sem proibições.


Com estas palavras a Presidente Dilma Rousseff oficialmente instaurou a “Comissão da Verdade” [1]. Aparentemente o discurso transmite isenção e seriedade, sobretudo com o reforço da voz embargada pela emoção e das lágrimas. Afirma o propósito de investigar plenamente a história, sem maquiagens ou ocultações.
No entanto, para além da emoção e das lágrimas, das palavras nobres e elegantes, uma leitura atenta é o suficiente para identificar que o discurso da Presidente já pressupõe uma “verdade”: a “verdade” revolucionária que previamente define as “vítimas” e o “criminoso”:

“O Brasil deve render homenagens às mulheres e aos homens que lutaram pela revelação da verdade histórica; aos que entenderam e souberam convencer a nação de que o direito à verdade é tão sagrado quanto o direito que muitas famílias têm de prantear e sepultar seus entes queridos vitimados pela violência praticada pela ação do Estado ou por sua omissão” [2] (os grifos são meus).

Mas, somente o Estado praticou a violência? E os crimes dos revolucionários? Atentados a bomba, sequestros, assassinatos – os “tribunais revolucionários” que sentenciaram à pena capital até mesmo os seus próprios “companheiros”? Como Cuba, União Soviética e China colaboraram com os guerrilheiros? Qual foi o montante financeiro aplicado e o tipo de treinamento oferecido aos revolucionários? Quais foram estes revolucionários? Qual foi a participação da própria Presidente nas ações criminosas da VAR-Palmares - por exemplo, onde foi parar os mais de dois milhões de dólares subtraídos do cofre da amante do ex-Governador de São Paulo Adhemar de Barros?

A “Comissão da Verdade” é um embuste, e o seu propósito é claro: fazer da versão revolucionária a história oficial de um país. Propósito declarado pela Presidente da República e por pelo menos três dos integrantes da Comissão. Maria Rita Kehl se esforça para disfarçar a sua militante esquerdista com um adorno psicanalítico. A advogada dos revolucionários e da própria Presidente durante o Regime Militar, Rosa Maria Cardoso da Cunha, não esconde as suas intenções: “é preciso ter foco” [3] – quer dizer, investigar somente os militares.

Porém, é o brado de Paulo Sérgio Pinheiro que sintetiza a farsa que é a “Comissão da Verdade” – sem nenhum pudor ele esbraveja: “Nenhuma comissão da verdade teve ou tem esta bobagem de dois lados” [4]. A “verdade” perseguida, portanto, será a “verdade” dos revolucionários.


I. Referências.



[3]. Cf. Portal Terra. Ex-advogada de Dilma rechaça investigação de luta armada na ditadura [http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5773962-EI5030,00-Exadvogada+de+Dilma+rechaca+investigacao+de+luta+armada+na+ditadura.html].

[4]. Cf. Estadão. Comissão da Verdade deve apurar somente ação de agentes do Estado [http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,comissao-da-verdade-deve-apurar-somente-acao-de-agentes-do-estado,872976,0.htm].


II. Sugestões – alguns artigos publicados sobre o tema.

BRAGA, Bruno. Verdade mutilada.

______. A Intentona de Escorel. Destaca um dos integrantes da “Comissão da Verdade”, Paulo Sérgio Pinheiro [http://dershatten.blogspot.com.br/2011/07/intentona-de-escorel.html].

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