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Sunday, March 11, 2012

A Cruz apeada.

Bruno Braga.


Como escrevi sobre o simbolismo da cruz [1], não posso me furtar de comentar a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que, acatando a reivindicação da ONG Liga Brasileira de Lésbicas, determina a retirada de crucifixos e símbolos religiosos de todas as salas do Judiciário do Estado [2] – a decisão foi fundamentada na consideração de que a presença de símbolos religiosos em repartições públicas fere os princípios constitucionais brasileiros de um Estado laico.

Sim, o Brasil é um país laico – no entanto, isto não quer dizer que ele seja um Estado ateísta, ou melhor, ateísta militante, cuja orientação é esterilizar o domínio público dos germes da religião. Isto é fazer da secularização uma profissão de fé – e de grave violência na medida em que o Brasil tem, nas suas entranhas, a formação cultural cristã.

O crucifixo – a Cruz – não é apenas um objeto de decoração talhado em madeira ou fundido em metal. Não é apenas um símbolo gravado no papel ou carregado no pescoço. É a representação de um fundamento civilizacional – enraizado nos valores morais, nos princípios da sociabilidade, na orientação educacional e nas estruturas institucionais. Junto com a Filosofia Grega, o Direito Romano, e a Cultura Judaica, o Cristianismo é um dos pilares da Civilização Ocidental – e está cravado na história de 500 anos do Brasil. Isto, mesmo um ateu que tenha um mínimo de bom senso, e honestidade intelectual, não pode deixar de reconhecer. Portanto, suprimir crucifixos e símbolos religiosos significa arrancar da sociedade, um de seus fundamentos.

Mas a determinação da justiça gaúcha ainda tem outra consequência: ela é a imposição, a um país que é massiçamente cristão, de um projeto de engenharia social elaborado por um pequeno grupo de “iluminados”, que nos seus alucinados arroubos de prepotência, pretende fazer prevalecer os seus gostos e caprichos mais mórbidos. Acontece que, se um crucifixo – a cruz - nada significa para estes revolucionários, o que, nele lhes causa tanto constrangimento? Por que um mero símbolo desperta mais repugnância que o produto das bandeiras que levantam, por exemplo, um feto dilacerado? [3] Quais são os valores expressos por aquele objeto que poderiam prejudicar um julgamento judicial? [4] O da Justiça, o da Caridade, ou o da Compaixão?

A Inquisição é sempre o argumento para justificar o afastamento da religião do espaço público. No entanto, perto dos milhões de cadáveres, da carnificina monstruosa produzida por regimes cientificistas e anticristãos – como foi o Nazismo e é o Socialismo-Comunismo [5] –, as chamas da fogueira são apenas uma mácula, da qual a própria Igreja Católica não cansa de se penitenciar.

O patrimônio cultural cristão que forma o Brasil está, de fato, ameaçado. Não apenas por causa do poder – financeiro, político e midiático – que têm nas mãos os “revolucionários” iluminados. A traição também vem de dentro dos próprios templos: destruídos por agentes infiltrados, corrompidos pelos inocentes adeptos de teologias fundamentalmente anticristãs, ou desprezados pelos pastores que, em vez da cruz, se consagram aos holofotes. Mas, as autoridades têm a sua parcela de contribuição – elas, que deveriam zelar pelos fundamentos da sociedade, ajudam a solapá-los. Algumas estão realmente comprometidas com amplos projetos de poder – outros colaboram inconscientemente, ou por causa do desinteresse e ignorância, ou porque foram idiotizados e seduzidos pelos aplausos e elogios da mídia “chic”, “intelectual” [6]. Magistrados, Desembargadores, Ministros são incapazes de perceber que o ativismo judicial é uma estratégia para aprovar projetos revolucionários, porque, com este desvio, eles não passam pelos debates das Casas Legislativas, e não alcançam repercussão pública.

Enfim, por enquanto são os crucifixos – mas, se a motivação é o fraco argumento de que se deve cumprir os princípios constitucionais de um Estado laico, o que farão com o Cristo Redentor, símbolo de um país e de braços abertos para toda a nação?


Referências.



[3]. Sim, é no mínimo estranho, mas uma ONG de lésbicas luta para a legalização do aborto. Cf. Liga Brasileira de Lésbicas (Nacional) [http://lblnacional.wordpress.com/plataforma-pela-legalizacao-do-aborto/].

[4] Ou, para utilizar as palavras do relator do caso em tela, o desembargador Cláudio Baldino Maciel, na mais pura manifestação de entojamento boboca e sem sentido: qual valor cristão pode impedir que o julgador esteja “equidistante” dos valores em conflito?

[5]. Cuba e China – regimes idealizados pelos revolucionários - podem apresentar uma amostra funesta da perseguição contra os cristãos.

[6]. Nem mesmo os Ministros do Supremo Tribunal escapam. Para uma amostra dos absurdos que eles cometeram quando decidiram em favor da União Homoafetica, Cf. BRAGA, Bruno. “Família do Novo Milênio?” [http://dershatten.blogspot.com/2011/08/familia-do-novo-milenio-bruno-braga.html].  

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